Mercado das ilusões e alucinações

O caudal dos rios neste tempo das chuvas tem levado muitas pontes em todo o país. Depois o governo da Re(i)pública da Angola do MPLA envia os técnicos especializados pelo MPLA para construírem pontes provisórias, com o objectivo de facilitarem a circulação da população, e, passados poucos dias, “a chuva chove”, aumenta o caudal dos rios e o caudal dos rios leva as pontes provisórias.

Por Domingos Kambunji

Tudo é provisório neste país, as pontes, as estradas, a ideologia do partido que se governa há 45 anos neste país, as promessas, os planos, os projectos…

As únicas realizações que parecem ter-se instalado com carácter definitivo no nosso país são a demagogia, a incoerência, a incompetência, as promessas ocas e a conversa fiada dos que se governam muitíssimo mais do que governam o país. Um exemplo disso é o caso do general que foi nomeado para imperador da Re(i)pública que, de acordo com alguns estudiosos, se governou muito bem durante o período de governação do anterior ditador.

Os que se governam, mais do que governam o país, gastam elevadas quantidades de kumbu para manterem órgãos oficiais de propaganda, que eles dizem ser de comunicação social, e apenas servem de moços de recados para a gestão de mentalidades, com o objectivo de vulgarizar sofismas e falácias. Estamos num tempo em que mentir não é defeito e a verdade corre o risco de ser reprimida e fuzilada nas manifestações de liberdade de pensamento e opinião.

Na Re(i)pública da Angola do MPLA o grande inimigo dos que se governam são as redes sociais, que demonstram a verdade e demonstram que o imperador é, muitas vezes, um grande impostor. É normal neste re(i)gime culpar sempre os outros dos fracassos que se seguem às promessas ocas das campanhas eleitorais.

O recente encontro do imperador com organizações de jovens obedientes ao sistema, com perguntas mais ou menos encomendadas de acordo com as normas do re(i)gime, demonstrou que no nosso país os “digerentes” apenas sabem usar o monólogo e depois enfeitam-no com muitas purpurinas, importadas da China, da Rússia ou da Coreia do Norte, e baptizam-no com o nome de Diálogo.

Uma das organizações juvenis, servente do imperador, que muito se tem destacado na vulgarização de falácias, sofismas e contradições é o jornal da Angola do MPLA. O jornal da Angola do MPLA elogiou muito o monólogo com jovens, um espectáculo de comédia macabra apresentado há poucos dias, designando-o por diálogo, e afirmando que ele contribuiu para criar “pontes para o entendimento, quebrando muros que a actuação e o discurso musculados têm erguido numa altura em que se agravam as condições sociais, muito por força da indefinição que o momento levanta e que condiciona no investimento, sustem os existentes e atrasa a diversificação…”

Na última crise económica e financeira mundial foi este mesmo jornal da Angola do MPLA que anunciou, ao país e ao mundo, que a Re(i)pública da Angola do MPLA nunca iria entrar em crise porque o governo do MPLA soube diversificar atempadamente a economia do país. Agora o mesmo boletim de informação e propaganda do MPLA vem desmentir o que disse e afirma que a economia do país não está diversificada.

Quando em 2014 ocorreu uma queda no preço do petróleo, o jornal da Angola do MPLA disse que o país não entraria em crise porque o governo do MPLA soube diversificar atempadamente a economia… A venda de diamantes e… talvez de sofismas e falácias… iriam compensar as perdas de receita com o petróleo. Agora o mesmo jornal da Angola do MPLA diz que o país está numa crise económica e financeira que já vem desde 2014… Afinal em que é que ficamos Victor deste silvado? Há crise ou não há crise? O governo do MPLA diversificou ou não diversificou a economia?

O jornal da Angola do MPLA informou o país, numa reportagem, de que no hospital de Icolo e Bengo havia falta de medicamentos e os doentes melhoravam apenas com o carinho e solidariedade dos enfermeiros… É por falta de carinho e solidariedade dos enfermeiros que continuam a morrer crianças angolanas devido aquela maldita doença que se chama Fome? O MPLA não consegue arranjar divisas para importar “carinho e solidariedade” da China, de Cuba ou da Coreia do Norte, com o objectivo de combater essa maldita doença que se chama mortalidade infantil?

O jornal da Angola do MPLA disse que o país, graças à governação do MPLA, conseguiu construir as melhores e mais seguras estradas do mundo… Que raio de “melhores e mais seguras estradas” são essas que quando chove e aumenta o caudal dos rios, a água destrói as pontes? Foram estas as pontes que o imperador João Lourenço conseguiu construir no seu monólogo com as organizações de juventude?

O jornal da Angola do MPLA disse que o imperador João Lourenço estava a construir as bases de uma economia diversificada e sustentada, que iria dar os seus frutos, após 2 anos de governação. Os frutos não amadureceram ou apodreceram? Agora a culpa para o fracasso, que se adivinhava, quando prometeu “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”, é do vírus da China…

Será que o vírus da China começou a propagar-se nas mentes dos kapangas do MPLA em 1975? Ou foi só em 2014?

A única pergunta que nos resta é: Qual é a próxima remessa de banha da cobra que o Victor do silvado, obedecendo às ordens superiores baixadas pelo Bureau Político do Comité Central do MPLA, vai tentar vender no Mercado das Ilusões, Alucinações e Falacias?

Nota. Todos os artigos de opinião responsabilizam apenas e só o seu autor, não vinculando o Folha 8.

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